Segundo dados do CEPEA, em 2019, o segmento primário teve um peso de 22% no PIB do agronegócio, com 13% para o primário da agricultura e 9% para o da pecuária. Dentro da agricultura, 70% do valor bruto da produção (VBP) das lavouras concentraram-se em apenas cinco culturas: soja (33%), cana-de-açúcar (16%), milho (13%), algodão (4%) e café (4%).
Na pecuária, a bovinocultura de corte representou 39%, a avicultura de corte, 11%, a de postura 13%, a suinocultura, 11% e o leite, 19%. Já a agroindústria respondeu por
30% do PIB do agronegócio em 2019, sendo 23% para a de base agrícola e 7% para a
de base pecuária.
Ainda segundo a pesquisa, o agronegócio foi responsável por gerar empregos que corresponderam a 43% do PIB em 2019. Maiores volumes produzidos na agropecuária e na agroindústria implicam no maior volume de serviços de transporte,
armazenagem, comercialização, entre outros.
Em meio às expectativas de crescimento na economia brasileira, o país se vê em uma situação alarmante e delicada: a pandemia do novo coronavírus. Sendo um dos mercados que sustentam o PIB brasileiro, o agronegócio também está sofrendo as consequências do cenário atual.
Efeitos da pandemia para o agronegócio
Os agrosserviços, assim como o setor geral de serviços do país, têm passado
por transformações relacionadas ao coronavírus e às consequentes restrições decorrentes do isolamento social e com impactos de difícil mensuração.
Sendo assim, os efeitos do coronavírus sobre o agronegócio não serão homogêneos, seja setorialmente, ou em termos do tamanho dos estabelecimentos, com os
maiores usualmente apresentando vantagens comparativas para superar crises.
Naturalmente, algumas regiões produtoras do país precisarão de auxílio para continuar no mercado, principalmente médios e pequenos produtores. Por isso, o governo promete dar suporte, com programas de alívio temporário à perda de renda de setores vulneráveis da população, suporte ao pequeno e médio empresário, expansão generalizada de crédito e redução de juros.
De acordo com o CEPEA, para o PIB do agronegócio, até o momento, pode-se esperar um desempenho satisfatório, sobretudo da agropecuária. Haverá uma grande disparidade com a economia em geral, cujas projeções de desempenho pioram dia a dia. São fatores indicativos de um bom desempenho do PIB:
● O efeito do câmbio, desvalorizado sobre os preços domésticos dos produtos exportáveis, que impede a completa transmissão da provável queda dos preços internacionais diante do desaquecimento da demanda mundial;
● As boas perspectivas em termos de preço e produção para grandes culturas, como grãos e café e para os complexos das carnes;
● A baixa elasticidade-renda de produtos alimentares essenciais.
No entanto, devem atuar em sentido contrário, pressionando o PIB para baixo, as agroindústrias que dependem do mercado interno brasileiro, como a de móveis e as atividades têxtil, de vestuário e de calçados.
Quanto aos efeitos positivos, podemos levar em consideração que a disseminação da Covid-19 afetou bolsas de valores do mundo inteiro e, no Brasil, provocou a alta do dólar, cuja cotação chegou a bater a casa dos R$ 5,90 (em 13 de maio), maior patamar da história, até então.
Como os produtos exportados são negociados em dólar, a taxa de câmbio acabou por compensar, ao menos em partes, a perda de faturamento, sendo essa uma boa notícia para os exportadores.
Mas não necessariamente o dólar é bom para o agronegócio. Explico. A maior parte dos insumos agropecuários, como defensivos e fertilizantes, é importada e negociada em dólar. Ou seja, esses itens têm custado mais caro, fazendo com que aumente consideravelmente o custo de produção.
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